Do árbitro Carlos Lopes recebemos um texto de Direito de Resposta a propósito do que aconteceu no estádio municipal de Tomar durante o jogo de juvenis entre o U. Tomar e o Sl Cartaxo, no dia 14 de outubro, situação de que demos conta aqui.
Ao abrigo da lei publicamos o Direito de Resposta:
“Na sequência da publicação de diversas notícias acerca de uma expulsão de um jovem jogador, que alegadamente fora expulso após ter informado que um adepto lhe dirigira impropérios, situação esta que sucedera na semana do falecimento da sua mãe, cabe-me esclarecer o seguinte:
1) Fui nomeado para dirigir um jogo do Campeonato Distrital de Juvenis entre as equipas do União F.C.I Tomar e o S.L Cartaxo, no Estádio Municipal António Fortes, em Tomar.
2) O jogo foi extremamente bem disputado, decorrendo com uma conduta correta por parte dos agentes desportivos presentes, até ter sido dado o apito final.
3) O jovem jogador, a quem aproveito para desejar toda a minha força face à triste situação ocorrida, foi expulso, após o final da partida, por se dirigir a toda a equipa de arbitragem com linguagem injuriosa e completamente inapropriada.
4) O treinador do referido clube, pai do atleta em questão e mentor do comunicado saído nas redações, agarrou-me no interior do retângulo de jogo, impedindo-me de me juntar aos restantes elementos da minha equipa, tendo posteriormente tomado parte ativa nos tumultos existentes fora do terreno de jogo, motivo pelo qual foi considerado expulso.
5) Surgiram desacatos na bancada, entre adeptos dos dois clubes, aos quais se juntaram intervenientes no jogo por, alegadamente, terem sido usados termos grosseiros para com o jogador referenciado.
6) Face ao que se estava a passar na bancada, houve mais um jogador, colega de equipa do atleta referenciado, que por tomar parte ativa nos desacatos fora considerado expulso e que, como em todas as situações acima elencadas, de acordo com o relatório elaborado, fora castigado pelo Conselho de Disciplina com 3 meses de suspensão. Salientar que o atleta, que infelizmente perdera a sua mãe, teve um castigo de 2 (dois) jogos de suspensão, ao contrário do que foi veiculado.
7) Quando cheguei ao meu balneário, no final do jogo, fui abordado por diversos elementos afetos ao S.L Cartaxo, tendo obtido a informação, pela primeira vez, da morte da mãe do atleta.
8) Fui surpreendido, após a saída das deliberações disciplinares, na passada quinta-feira, por um comunicado que deturpa de forma grave o sucedido, havendo um claro aproveitamento de toda a situação para tentar limpar e ficar bem na fotografia, tentando, uma vez mais, manchar a imagem da arbitragem e, neste caso em particular, dos elementos que constituem a minha equipa, sendo criada uma narrativa em que é invertida a ordem dos acontecimentos.
9) Tenho recebido, desde então, todo o apoio por parte do Conselho de Arbitragem da A.F. Santarém, recebendo uma mensagem clara de tranquilidade face ao ocorrido, tendo-me sido dito para continuar com os desempenhos, como até então.
Respeitando, acima de tudo, todos os agentes desportivos parece-me evidente a necessidade das pessoas envolvidas refletirem e entenderem que, por muita preparação que seja feita antes de um jogo, nos foi impossível adivinhar a trágica situação ocorrida na semana que antecedeu a partida. Depois, deixar claro e frisar de forma perentória que a expulsão do jogador ocorreu antes do mesmo, alegadamente, ter sido insultado. Acrescentar que, como é evidente, uma qualquer equipa de arbitragem por mais sensibilidade que tenha, não poderá compactuar com todo o tipo de comportamentos negativos e apagar todo o sucedido após ter conhecimento de uma trágica notícia. E por fim, mas não menos importante, endereçar uma força inestimável ao jogador, João Murteira, a quem devo todo o respeito, quer enquanto atleta, quer enquanto ser humano, que se erga, supere a cada dia e que seja feliz, no seu futuro, a fazer aquilo que mais gosta”.
Carlos Lopes (Árbitro A.F Santarém)