No jornal das 13h00 da SIC deste domingo, dia 12, foi emitida uma reportagem sobre as obras de intervenção e restauro da charola do Convento de Cristo e das fachadas e coberturas da igreja e a janela manuelina, uma empreitada de 1 milhão de euros, adjudicada à empresa STB – Reabilitação do Património Edificado, Lda.
A reportagem faz o ponto da situação das obras com declarações de Rui Ferreira, coordenador técnico das obras e funcionário do monumento.
É uma obra que custa cerca de 1 milhão de euros, financiada por fundos comunitários. Teve início em junho de 2022, tem como prazo de execução um ano, é executada pela firma STB – Reabilitação do Património Edificado Lda. e fiscalizada pela firma 44 Engenharia.
A reportagem pode ser vista aqui:
Convento de Cristo em Tomar: SIC acompanhou as obras de restauro
Convento de Cristo lança microsite para mostrar obras de restauro
Que obras de restauro estão a decorrer no Convento de Cristo? Para responder a esta e a outras perguntas, os responsáveis pelo monumento lançaram esta semana um microsite – http://www.preservaramemoria.ipt.pt/ – onde é disponibilizada informação acerca da intervenção de conservação e restauro que está a decorrer até junho.
O microsite pode ser consultado aqui
Sobre as obras e o monumento:
Intervenção
A empreitada “Convento de Cristo – Conservação, Restauro e Recuperação de fachadas e coberturas da igreja”, tem como objetivo a estabilização físico-química dos materiais constituintes e a preservação do aspeto e história original do monumento. Esta intervenção tem por base um estudo realizado pelo LNEC, “Conservação da envolvente exterior da Igreja do Convento de Cristo em Tomar”, em 2002.
Nesta empreitada serão efetuados procedimentos de Conservação e Restauro na Nave Manuelina, em todos os elementos estruturais e decorativos; as três fachadas da Igreja, abrangendo a área desde a platibanda até à sua base, e todos os seus elementos decorativos; a Janela Manuelina; a Charola templária medieval, incluindo os panos de parede, contrafortes, merlões e a torre do relógio ou sineira. Decorrerá também a recuperação da cobertura da Sala dos Cavaleiros na ala nascente da Enfermaria Conventual.
Esta intervenção, com a duração de um ano, teve início em junho de 2022 e é realizada pela firma STB – Reabilitação do Património Edificado Lda., fiscalizada pela firma 44 Engenharia, segundo metodologias definidas conjuntamente por técnicos da DGPC, do monumento e do consultor científico Professor Delgado Rodrigues.
O Convento de Cristo ao integrar a lista do Património Mundial da UNESCO, e na sequência dos diversos programas de investimentos e recursos no restauro e reabilitação dos imóveis dependentes da DGPC, foi selecionado para esta intervenção de conservação e restauro histórica, com um valor total de investimento na ordem de um milhão de euros, proveniente de fundos comunitários. Foi estabelecida uma parceria com o Instituto Politécnico de Tomar- IPT, porquanto se pretende implementar o modelo de “Obra Aberta”, onde é possível o acompanhamento dos diversos trabalhos por parte do público, quer através das redes sociais, com apresentações multimédia no local, quer pela possibilidade de visitas de estudo.
Conservação e Restauro
A prioridade dos trabalhos é sempre a preservação dos elementos existentes no seu aspeto original, evitando assim tratamentos que modifiquem irreversivelmente o conjunto, nos pontos de vista histórico e artístico. Consequentemente, realizar-se-á um diagnóstico ao estado de conservação das áreas a intervir, seguido de limpeza, estabilização e homogeneização das superfícies de pedra. Também elementos em madeira, metal e vitrais da igreja serão restaurados.
Primeiramente, será realizado um trabalho de documentação, registo fotográfico pormenorizado e cartografia das alterações, que deverá integrar o relatório intercalar da intervenção. Propõe-se ainda, a pré-fixação de elementos que apresentem algum risco, possíveis lascas, placas, fissuras e/ou fraturas. Serão ainda recolhidos e mapeados os fragmentos soltos e determinadas as zonas fragilizadas.
Os procedimentos de conservação e restauro procurarão também combater e mitigar a proliferação generalizada e severa de espécies biológicas, as alterações nas camadas superficiais da pedra, a presença de elementos fraturados e/ou deslocados e a existência de juntas degradadas e não funcionais que permitem infiltrações de água. O objetivo final é atingir a estabilização físico-química dos materiais constituintes e o restabelecimento da leitura estética das fachadas.
Anteriormente foram realizadas intervenções neste conjunto, em 2002 e entre 2009 e 2010. A primeira consistiu apenas numa limpeza teste e extração de camada biológica que resultou na obtenção de um nível de limpeza adequado, servindo atualmente como exemplo para as intervenções nas restantes superfícies arquitetónicas. Já a segunda, uma intervenção piloto, forneceu dados importantes de suporte ao projeto atual, visto que possibilitou o teste dos métodos de limpeza e a constatação do estado de conservação das superfícies de pedra.
Na atual intervenção, as principais ações serão a limpeza geral das madeiras, a sua substituição e/ou tratamento. Ao nível da pedra, para além da remoção de líquenes e outras espécies biológicas invasoras, será realizado o preenchimento de fissuras bem como a correção dos planos de escoamento das águas e fixação de elementos destacados. De forma simplificada, nesta intervenção algumas das técnicas que serão utilizadas incluem: a aplicação pontual, por pulverização, de um produto herbicida; a microestucagem; a reposição de volumes em argamassa; a aplicação de uma solução de hidróxido de bário através de compressas; a colagem de elementos fraturados e a hidrofugação final das superfícies em pedra, através do uso de um produto de base nanotecnológica com acabamento incolor.
Como já foi referido anteriormente, serão também intervencionados os vitrais que se encontram localizados na Charola e na Nave Manuelina. Estes encontram-se com bastante sujidade e algumas fraturas, áreas com perda de calafetagem, calhas de chumbo e demais elementos metálicos degradados. Será assim efetuado um processo de limpeza e posteriormente será feito o tratamento das calhas de chumbo e aros de suporte. Os vidros que se encontrarem em bom estado de conservação serão mantidos. Serão também verificadas as calafetagens e, caso seja necessário, colmatadas as lacunas com betume de vitralista.
Durante todo o processo, serão produzidos dois relatórios técnicos. O primeiro, já referido, – relatório intercalar – será entregue após a conclusão dos levantamentos e mapeamentos e incluirá um exame diagnóstico, descrição das observações preliminares efetuadas no decurso do tratamento e documentação fotográfica do estado de conservação inicial. O relatório final irá conter uma descrição detalhada da intervenção, acompanhado da respetiva documentação gráfica e fotográfica.
É de salientar que todas as propostas de tratamento definidas estão de acordo com as normas e Cartas Internacionais da Conservação e Restauro.
Contextualização Histórica
O Castelo de Tomar e Convento de Cristo foram classificados como Património da Humanidade da UNESCO, em 1983. O monumento é um dos maiores da Europa, com uma área aproximada de 4 hectares.
O Castelo Templário, de 1160, é um edifício de arquitetura militar. A sua muralha é protegida por um alambor (espessamento da base da muralha), e garantia a sua capacidade de vigilância pela Torre de Menagem e a Charola, os dois pontos mais altos da fortaleza.
Em 1356, o Castelo passa a ser sede da Ordem de Cristo e surgirão aposentos conventuais em torno de dois claustros de expressão gótica – Claustro da Lavagem e Claustro do Cemitério. Já no séc. XVI foi construída a Nave Manuelina que acolherá o Coro Alto e a Sala do Capítulo. Nesta nave está incorporada a imponente e famosa Janela do Capítulo – símbolo da expansão marítima portuguesa.
Sob a dinastia Filipina foi reformulado o Claustro Principal e surge a Sacristia Nova, edificada no Claustro do Cemitério. Nesta época foram ainda alteradas as fachadas sul e norte. A primeira alterada pela chegada do Aqueduto do Convento e a segunda com Portaria e dependências novas, no Claustro da Hospedaria.
Já no séc. XVII foram realizadas grandes obras que criaram a atual Enfermaria e Botica. A partir do séc. XX o monumento foi ocupado pelo Exército, Guarda Nacional Republicana e pelo Seminário das Missões Ultramarinas, até que o Estado, paulatinamente foi assumindo a posse do Convento de Cristo, com funções culturais e turísticas que se mantêm até hoje.
Para mais informações visite Convento de Cristo.
O que Visitar
Castelo
O Castelo de Tomar fundou-se pelos Templários em 1160, e albergou nas suas muralhas a povoação. O espaço era um exemplar da eficácia da arquitetura militar, com os recintos do burgo e dos cavaleiros separados por um terreiro, a sua muralha protegida por um alambor e todo o perímetro dominado pela imponente Torre de Menagem e pelo oratório fortificado, a Charola.
Charola
A Charola é um dos raros e emblemáticos templos em rotunda, de planta centralizada, da Europa medieval. A entrada era virada para nascente, para o interior da fortificação, mas D. Manuel I fez uma nova entrada a sul. Para acrescentar uma nave à igreja, criou um grandioso arco triunfal com a demolição parcial da Charola, ampliando o antigo oratório. Pretendeu dar continuidade à Charola, com uma nova entrada a sul, uma Sala do Capítulo, e por cima desta foi criado um entrepiso destinado ao coro da igreja, o Coro Alto. É neste corpo da igreja que se encontra a famosa Janela do Capítulo, incorporada na Fachada ocidental.
Janela do Capítulo
Ladeada por dois gigantescos contrafortes, a Janela do Capítulo é ornada por um exuberante universo figurativo onde estão presentes os temas náuticos – a madeira, o cordame, as bóias, etc., – as insígnias da Ordem – a cruz heráldica, esfera armilar, o brasão do reino – e figurações simbólicas, particulares à mística da Cavalaria Espiritual e à missão que a Ordem de Cristo tinha no plano das Descobertas.
Claustro Principal
O Claustro Principal é a obra magna do convento renascentista. Edificado por D. João III e terminado já no período Filipino, rodeia a igreja que D. Manuel I projetou. O claustro acompanha a fachada sul da nave manuelina. Este claustro recebeu seguidamente uma grandiosa fonte de repuxo, alimentada pela água do aqueduto conventual.
Cerca Conventual
A Cerca Conventual, com cerca de 45 hectares, era o local de recolhimento e lazer dos frades, aquando da reforma da Ordem de Cristo no período de D. João III. Implantada como recinto murado, ocupa todo o maciço montuoso de sete pequenas colinas, que se desenvolvem de poente para nascente em forma de ferradura. A norte confina com o espaço conventual e no seu colo concentram-se diversas linhas de água provenientes de nascentes e do aqueduto, após a sua chega ao grande tanque situado numa elevação no topo poente.
Ermida da Emaculada Conceição
A Reforma da Ordem de Cristo, ordenada por D. João III e praticada pelo frade Jerónimo, António Moniz de Lisboa, em 1541, trouxe à cidade de Tomar uma jóia do Renascimento: a Ermida da Imaculada Conceição. Trata-se de uma Capela de recorte quadrangular, cuja volumetria lhe confere um aspeto exterior austero e cuja composição arquitetónica interior é de uma expressão plástica de grandiosa e subtil harmonia.
Aqueduto do Convento
O Aqueduto do Convento surgiu na arquitetura e na paisagem conventual pela mão dos monarcas Filipe I e seu filho Filipe II. Percorre uma extensão de cerca de 6 quilómetros, dispondo de um total de 180 arcos para as passagens aéreas da conduta. Alimenta primeiramente o grande tanque da Cerca Conventual e depois chega ao próprio convento para irrigar alguns lavabos e a fonte de repuxo do Claustro Principal.
Enfermaria e Botica Nova
João IV, durante o período da Restauração, em 1641, dá continuidade às obras no Convento, que se prolongaram por toda a segunda metade do século XVI até à conclusão da Nova Enfermaria e da nova farmácia, a Botica, em 1690. Estas foram as derradeiras obras de vulto, que viriam a conferir ao flanco norte/nascente do Convento a sua atual monumentalidade. Estas construções fecharam o edificado conventual, respetivamente na fachada norte, desde a portaria filipina até ao topo nascente, para a seguir se articular com a Botica, cuja construção se estende para sudeste até à muralha do antigo paço real e alcáçova.
FAQs
Qual a duração da obra?
A realização da obra tem a duração de 1 ano, estando prevista a sua conclusão para junho de 2023.
Quais são as áreas que estão a ser intervencionadas?
Os trabalhos estão a ser realizados na Charola e nas três fachadas (norte, poente e sul) da Nave da Igreja. Enquanto o tratamento estiver a decorrer, a icónica janela Manuelina irá ser coberta por uma lona e irão passar, através de ecrans colocados em diferentes locais, imagens/vídeos do progresso da obra.
O que se pretende com as obras que decorrem no Convento de Cristo?
O projeto de recuperação e limpeza do Convento de Cristo tem como objetivo a remoção da matéria biológica que se formou em volta da janela do Capítulo e demais áreas da igreja. Devido à sua grande importância foi concretizada uma prévia intervenção piloto, que decorreu entre novembro de 2009 e fevereiro de 2010, com intenção de testar métodos de limpeza e conjuntamente constatar o estado de conservação das superfícies pétreas. Uma vez aquilatado o modelo ideal de limpeza e acabamento, pretende-se atingir uma estabilização físico-química dos materiais constituintes e ainda o restabelecimento da unidade e leitura estética das fachadas.
Quais as técnicas utilizadas no processo de Conservação e Restauro do Convento de Cristo?
– A Pré-fixação de elementos pétreos
Para haver uma diminuição da perda de material pétreo procede-se, previamente à limpeza, à pré-fixação de elementos que se encontrem em risco de destacamento, como lascas, placas e fraturas que comprometam os trabalhos seguintes.
– A Aplicação de um produto biocida
Para a remoção da colonização biológica. Procedimento de aspersão de agente biocida.
– A Aplicação de herbicida sistémico
A pulverização ou injeção irá ser realizada pontualmente, exclusivamente nas zonas onde se encontram as herbáceas. Após o tempo de espera da atuação do produto, procede-se à extração das espécies herbáceas e das suas respetivas raízes.
– A Microestucagem
Utilizada para garantir que não existe risco na estabilidade do material pétreo, sendo assim, feita uma microestucagem pormenorizada em fissuras, fraturas, alvéolos, lascas e cavidades, mediante a colmatação com argamassa de estucagem.
– A Consolidação
Aplicação de uma solução de hidróxido de bário, consolidante, será utilizada nas superfícies que apresentem alguma forma de degradação. Procedimento realizado por pincelagem ou através da colocação da solução em compressas.
– Hidrofugação final
O produto hidrófugo de base nanotecnológica, com acabamento incolor, é aplicado à trincha ou por pulverização a baixa pressão, nas superfícies pétreas, verificando com antecedência se não existe qualquer alteração cromática. O propósito é conferir alguma impermeabilidade à água ao mesmo tempo permitir as naturais trocas gasosas da pedra.
Quem são os responsáveis pelas obras?
Os responsáveis pela execução das obras são a firma vencedora do concurso: STB- Reabilitação do Património Edificado, Lda., fiscalizados pela firma 44 Engenharia, Lda, em conjunto com os técnicos da DGPC (Direção Geral do Património Cultural), do Convento de Cristo e do consultor científico Professor Delgado Rodrigues.
Qual a área do monumento?
O Convento de Cristo e o Castelo de Tomar têm aproximadamente 4 hectares de área de implantação, sendo um dos maiores monumentos de toda a Europa.
O monumento é Património da Humanidade?
Em 1983, foi considerado Património da Humanidade pela UNESCO, nomeadamente porque se considera “uma obra-prima do génio criativo da humanidade” e está “directa ou materialmente associado a acontecimentos ou tradições, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias com um significado universal.”
Lembrei-me agora que em tempos tivemos um cromo de Tomar como deputado na Assembleia da Republica que um certo dia usou da palavra vociferando de jornal em punho contra a venda da Janela do Capítulo. O parvinho não percebeu que era uma mentira do 1 de Abril. Escusado será dizer que foi alvo da chacota de todo o hemiciclo.
Seria bom lembrar o “artista” que em breve quando o restauro estiver acabado, ele pode dormir descansado que ninguém vai vender a Janela, por muito apetecível que possa estar o seu aspecto…
Tomar rima com azar! Não basta os que cá estão! Ainda há mais alguns que levam a “pestilência” para fora…